O camarote Real
Aquele que vê de tudo um pouco.
terça-feira, 6 de julho de 2010
R.I.P. Matilde Rosa Araújo
Foi na madrugada de hoje (6 de Julho) que Portugal perdeu mais uma peça da sua cultura, a escritora especializada em literatura infantil, Matilde Rosa Araújo. Matilde Rosa Araújo tinha 89 anos aquando do seu falecimento.
Nasceu em 1921 e licenciou-se na Faculdade de Letras em Lisboa. Desde logo começou a escrever livros de poesia para adultos e mais tarde para as crianças. Interessou-se pela defesa dos direitos das crianças, tendo escrito livros sobre este tema sob a alçada de organismos internacionais como a UNICEF.
Em 1980 recebeu o Grande Prémio de Literatura para crianças da Fundação Calouste Gulbenkian. Mais tarde ganhou o seu maior prémio, o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
Alguns dos seus livros:
-Estrada sem nome (ficção)
-O sol e o menino dos pés frios (literatura infantil)
-Voz nua (poesia)
-Fadas verdes (literatura infantil) - com que ganhou um Prémio da Fundação Calouste Gulbenkian
- e muitos outros.
domingo, 4 de julho de 2010
Versos - Amália Rodrigues
Este livro é uma obra poética escrita por Amália Rodrigues (como já devem ter constatado). Achei interessante escrever sobre este livro porque nos fala na primeira pessoa sobre a vida do povo Português desde o princípio do século XX até hoje e até sempre pois há neste livro bastantes poemas com temas perenes.
Como sabem, Amália Rodrigues foi e sempre será um ícone da cultura Portuguesa nos quatro cantos do Mundo e, por esta razão, decidi escrever sobre ela. Mesmo não gostando do estilo que predominava na sua obra, o fado, deve-se saber que esta senhora levou Portugal até onde ninguém tinha levado, até então. Desde Espanha ao Japão, de Angola aos EUA e da Ex-URSS até Austrália.
Amália mesmo sendo um ícone musical a nível mundial, era também uma pessoa generosa e altruísta pois consta-se que chegou a ter problemas financeiros por causa de ajudar as tantas pessoas que lhe pediam.
Amália quando faleceu deixou à fundação com o seu nome apenas o equivalente a 500 mil euros. Talvez a frase que "encaixa" melhor em Amália é: "Mi casa és su casa".
Voltando ao livro, resta-me citar umas estrofes que demonstram a vida do povo Português e de Amália:
"Entrei na vida a cantar
e o meu primeiro lamento
se foi cantado a chorar
foi logo com sentimento"
"Foi por vontade de Deus
que eu vivo nesta ansiedade
que todos os ais são meus
que é toda minha a saudade
foi por vontade de Deus"
"Fui ao mar buscar sardinhas
para dar ao meu amor
perdi-me nas janelinhas
que espreitavam do vapor"
"Silêncio
Do silêncio faço um grito
E todo o corpo me dói
Deixai-me chorar um pouco
De sombra a sombra
Há um céu tão recolhido
De sombra a sombra
Já lhe pedi o sentido ao céu
Aqui me falta a luz
Aqui me falta uma estrela
Chora-se mais quando se vive atrás dela
E eu
A quem o céu esqueceu
Sou a que o mundo perdeu
Só choro agora
Que quem morre já não chora"
Temos presente nestas estrofes o sofrimento e a tristeza pois como devem calcular, a vida naquela altura não era propriamente cinco estrelas para a maioria do povo Português...
Aparte: é extraordinário saber que esta senhora apenas detinha a quarta classe.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Alma - Manuel Alegre
ATENÇÃO: Esta mensagem contém linguagem que pode ferir a sensibilidade das pessoas.
Manuel Alegre já mostrou a sua habilidade para poeta e talvez para político mas, será que tem habilidade para ser escritor(de obras em prosa)?
Li a "Alma" em apenas 5 dias pois o livro é relativamente pequeno (aprox. 174 páginas). Moral da história...Nenhuma. Este livro fala-nos da vida boémia que o Manuel teve na sua infância.
Fala-nos da Segunda Guerra Mundial e como se vivia na aldeia dele durante o conflito.
Um dos temas principais do "Alma" é a guerra entre os republicanos e monárquicos pois a mãe era de uma família tipicamente republicana e o pai monárquico de gema
Parte Boémia da história: Ia nu tomar banho ao rio com as mulheres (as supostas labregas) a lavarem roupa ao lado. Durante o banho, mediam o tamanho do cujo dito para ver o maior.
Anos mais tarde, por volta dos 14/15 ia com os amigos às prostitutas. Este episódio tem de ser citado aqui (não resisto):
"Faziam uma cama de caruma encostada a um pinheiro, eles punham-se em bicha. Arregaçavam as saias, tiravam as calcinhas, deitavam-se e abriam as pernas, levantando um pouco os joelhos. Sai o primeiro, gritavam. E lá iam os da frente, um pouco enfiados, enquanto os outros se riam, nervosos, como uma equipa de futebol antes e entrar em campo. Alguns baixavam as calças, outros nem isso, limitavam-se a desabotoar a braguilha. A mim dava-me vontade de rir vê-los assim de rabo ao léu, acima, abaixo, acima, abaixo, acima, abaixo, como bombas de encher. Dá-me os teus leites todos, diziam elas, toma, toma, toma. Mas só mais tarde eu soube o que aquilo significava [engana-me que eu gosto!]. [...] Se tinha dinheiro punha-se na bicha, se não sentava-se mais longe e masturbava-se furiosamente. [...] O lince [um homem] estava a cavalgar a cozinheira. Ela ordenava: uiva, meu filho da puta, uiva. Mas ele só conseguia guinchar. E daí a pouco quem guinchava era ela."
Conclusão: O Manuel Alegre teve uma infância bastante...pecadora, digamos-
P.S.- Custa-me a crer que este homem tem coragem de se candidatar à presidência da República depois de publicar isto.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Bram Stoker
Bram Stoker, o Rei do terror literário. Talvez pelo nome não seja muito reconhecido mas este homem é o autor da grande obra de terror, Drácula. Esta Obra Literária já foi levada aos cinemas por quatro vezes, não contando com os filmes de temas diferentes que incluíram a personagem principal da Obra-Mãe, "The Count Dracula".
Este escritor nascido no século XIX na Irlanda de seu nome real Abraham Stoker deu início à fama da destemida figura mitológica dos vampiros que até hoje perdura, pois quem é que não conhece esta figura aterrorizante?
Bram Stoker não se limitou apenas a escrever esta obra, mas sim outras muitas de onde eu destaco o livro "Best Ghost and horror stories" que eu já tive o privilégio de ler.
Este livro é dividido em quatro contos de terror entre os quais dou destaque ao último pois penso que seja o mais aterrorizante, pois conta-nos a morte de uma pessoa numa masmorra...
Agora vos passo a citar uma parte deste mesmo conto:
"Felizmente, o final deve ter sido rápido e quando conseguimos abrir a porta vimos que os espigões tinham penetrado tão profundamente que para além dos olhos, tinham-lhe trespassado o cérebro [...] E, sentada sobre a cabeça do pobre norte-americano, a gata ronronava muito alto enquanto lambia o sangue que escorria dos orifícios onde deviam estar os olhos do morto. Acho que ninguém dirá que sou cruel depois do que fiz a seguir: peguei numa espada corta-cabeças e cortei em duas a cabeça da gata."
Aconselho as pessoas a lerem este livro pois é uma mistura de literatura clássica com terror actual. Na minha óptica, Bram Stoker escreve de forma simples e directa o que facilita a leitura.
ATENÇÃO: Haverá partes de contos que podem ferir a sensibilidade dos leitores mais sensíveis.
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